À Dú ...

“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças (mas poucas se lembram disso).” – Antoine de Saint-Exupéry

Eu dedico essa postagem à criança que já fui. Dedico a ela no intuito de me redimir, por te-la perdido no arquivo da minha memória. Talvez não tenha perdido, talvez tenha só compactado, ou melhor, fragmentado... Ai que saudades daquela pequena que meu pai chamada de ‘Dú’ ! Só quem conheceu aquela pequena consegui dizer o quanto era especial... Era muito feliz apesar de ser sozinha. Sinto falta dela, dos seus brinquedos, e dos seus amigos imaginários (que tinha até lugares à mesa). Hoje eu olho minha mão, e vejo o quanto cresceu, assim como todo o restante do corpo! Lembro das gargalhadas, dos olhinhos lacrimejando, das mãozinhas delicadas, do medo de escuro, da insegurança constante, do Pequeno Príncipe que passava toda manhã, das bolachinhas de chocolate (que nem existe mais), do moço da venda da esquina... Lembro também do arroz doce que meu irmão chato fazia; lembro da minha coelha, do meu cachorro, da minha gata, e do meu papagaio; lembro das quedas, dos choros, das orações pra Papai do céu; lembro dos desenhos nas nuvens, do pé de seriguela, da meu quarto, do meu perfume... Lembro dos meus aniversários, dos presentes, dos poucos amiguinhos. Lembro que meu pai contava (inventava) histórias e fazia bichinhos com a sombra das mãos até eu dormir... Lembro da escolinha, do garoto que eu gostava (Fernando) e da primeira professora (Tia Dani), da comida da vó, do chapéu e da bicicleta velha do vô... Lembro dos natais, das briga com meu irmão, dos chocolates comidos as escondidas. Lembro do medo de médico, dentista e exame de sangue, e do gosto amargo do remédio da bronquite (ecaaaa!)... Agora, me lembro que mudei de cidade (de Janaúba pra Montes Claros)... Lembro do arroz com pequi e do mingau da tia Lia, lembro de Mena e das cosquinhas que vô fazia em mim...Foi nessa época que ganhei minha melhor amiga (Sil) lembro que a gente anda com roupas parecidas e brincávamos com bonecas Barbie... Depois disso, comecei crescer... Comecei esquecer... E deixei pra trás as melhores coisas já vividas. Nem as cicatrizes no joelho impediram que eu esquecesse...

Cadê você Dú? Me perdoe ! Perdoe por ter te esquecido!

Fiz mal em envelhecer. Foi uma pena. Eu era tão feliz em criança...